web tracker Mundial 2006: CRÓNICA: Austrália x Japão

Crónicas de quem fica em casa a ver o Mundial pela televisão

segunda-feira, junho 12, 2006

CRÓNICA: Austrália x Japão


Ficha do jogo

Três australianos, um japonês, assim foi o primeiro jogo de hoje. Em termos de golos, como é óbvio. Mas o filme parecia bem diferente aos 80 minutos, altura em que este resultado não passaria pela cabeça de muita gente.
As duas equipas entraram em campo com filosofias muito diferentes. Enquanto que a Austrália apostava num futebol apoiado para chegar à baliza de Kawaguchi, o Japão fazia assentar o seu jogo num rapidíssimo contra-ataque que punha a cabeça em água à defesa dos "cangurus". Em consequência disso, era a Austrália quem rondava mais vezes a área adversária, mas as oportunidades iam surgindo ora de um lado, ora do outro.
O golo japonês veio agitar um pouco as águas, podendo até dizer-se que foi obtido contra a corrente do jogo. Corria o minuto 26 quando Nakamura, na direita, faz um cruzamento para a área de Schwarzer. O guarda-redes australiano é impedido de chegar à bola por um adversário, dentro da sua área de protecção, mas o juíz egípcio Abd El Fatah não considera a infracção e valida o golo.
Se até aí a Austrália já jogava no meio-campo contrário, o golo praticamente oficializou um acapamento dos homens de Guus Hiddink junto da área contrária. Apesar disso, o jogo não ganhou vivacidade e atravessou largos períodos de desinteresse, fruto da ausência de grandes executantes que pudessem criar desequilíbrios.
A segunda parte não trouxe nada de novo, poderá dizer-se, até aos 80 minutos. Por essa altura, as ideias já rareavam e a constante pressão australiana começava a dar mostras de evidente desgaste. Apesar disso, estavam já em campo dois homens que fariam toda a diferença: Tim Cahill e John Aloisi. Faltavam seis minutos para o final, os adeptos japoneses preparavam-se já para festejar a terceira vitória consecutiva sobre a Austrália, quando Cahill resolve aparecer em jogo. Num lance de grande confusão na grande área japonesa, com o guarda-redes Kawaguchi a ficar mal na fotografia, Cahill aproveita uma bola perdida para restabelecer a igualdade. Estava reposta justiça no marcador, não só por tudo o que a Austrália tinha feito, mas também porque a vantagem nipónica nascera de um lance irregular.
Mas Cahill estava endiabrado e não descansou enquanto não deu a liderança à sua equipa - e, em consequência, enquanto não se tornou homem do jogo. Tal viria a acontecer no último minuto de jogo. O avançado do Everton recebeu a bola no centro, já à entrada da área, rodou sobre si próprio e disparou ao poste direito da baliza de Kawaguchi, que deste vez nada podia fazer para evitar o golo.
Desanimados, os japoneses já não foram capazes de ensaiar sequer uma resposta e acabariam por sofrer o golpe de misericóridia em tempo de descontos, quando Aloisi, em lance individual, se desfaz de um defesa e entra na área para rematar cruzado e fixar o 3-1 final.
Não terá sido, com toda a certeza, um dos bons jogos deste Mundial, mas a emoção chegou em doses industriais nos últimos minutos, o que, de certa forma, apagou a imagem cinzenta que tinha ficado do restante encontro. A Austrália estreou-se a marcar e a ganhar numa fase final de um Campeonato do Mundo e amealhou três pontos vitais nas suas aspirações de avançar para os oitavos-de-final.

Foto de FIFAworldcup.com