web tracker Mundial 2006: 2006/06/11 - 2006/06/18

Crónicas de quem fica em casa a ver o Mundial pela televisão

quarta-feira, junho 14, 2006

Dia 6

Fazer um blog sobre um Mundial de futebol completamente sozinho não é fácil. A um ritmo de três jogos por dia, acabam por ser mais de seis horas colado à televisão e ao computador, com um olho na bola e outro no texto, ao mesmo tempo que se vai vendo as melhores imagens para ilustrar os posts. Dava-me muito jeito ter outra pessoa neste projecto mas, como não tenho, dias como o de hoje representam uma branca em termos de posts. Por razões pessoais, não vou poder escrever uma única linha antes de amanhã de manhã (quinta-feira, para que não restem dúvidas) e, nessa altura, já não faz grande sentido criar uma crónica detalhada para cada um dos jogos de hoje. Por isso, e apenas para que conste, os "rejeitados" vão ser:

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Espanha x Ucrânia
Leipzig, 14 horas


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Tunisia x Arábia Saudita
Munique, 17 horas


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Alemanha x Polónia
Dortmund, 18 horas


Quinta-feira regressa tudo à normalidade. Até lá, bom Mundial!

terça-feira, junho 13, 2006

CRÓNICA: Brasil x Croácia


Ficha do jogo

O último jogo do dia era um dos mais aguardados da semana. O campeão Brasil entrava em campo com um conjunto de estrelas que nenhuma outra selecção é capaz de igualar. Por isso, e porque a Croácia não parecia, à partida, dispor de argumentos para contrariar o "escrete", era de esperar uma exibição brasileira muitos furos acima daquela a que se assistiu. A verdade, porém, é que os croatas não se limitaram a ser um grão de areia na engrenagem do Brasil. De certa forma, analisando o jogo pelo ângulo da produção das duas equipas, pode-se dizer que o golo de Kaká é que acabou por ficar com o papel do tal grão que empena um mecanismo maior, esse interpretado pela Croácia.
Parecendo sempre um pouco preso de movimentos, talvez motivado por um quase completo alheamento de Ronaldo, que parecia não estar sequer em campo, o Brasil até foi o primeiro a dispor de oportunidades de perigo, mais concretamente duas, ao minuto 14. Primeiro é Roberto Carlos quem remata muito forte para uma intervenção atenta de Pletikosa e, na sequência do canto que daí resultou, foi a vez de Ronaldinho tentar a sua sorte, mas o guardião croata voltou a responder com uma excelente defesa, desta vez junto à base do poste esquerdo da sua baliza.
A formação do Leste europeu começou então a demonstrar maior à-vontade e a aproximar-se cada vez mais da área de Dida. Aos 38 minutos, um livre na esquerda do ataque croata, apontado por Srna, criou a primeira real oportunidade de golo para os homens de Kranjcar, mas Igor Tudor falhou por um cabelo a emenda para a baliza.
Aos 44 minutos surgiu, então, o golo da vitória brasileira. Kaká remata forte e colocado à entrada da área, não dando qualquer hipótese de defesa a Pletikosa e levando o Brasil para os balneários com a vantagem assegurada.
No segundo tempo, o domínio croata tornou-se ainda mais evidente, à medida que o Brasil se ia inexplicavelmente apagando e dando primazia à defesa do resultado, à boa maneira da escola italiana. A saída forçada do capitão Niko Kovac, ainda antes do intervalo, pareceu não afectar a Croácia, que podia ter chegado ao empate aos 51 minutos, quando Prso bateu o seu marcador directo e rematou para defesa oportuna de Dida. Apesar de estar na condição de dominado, o Brasil respondeu cinco minutos depois, no único lance digno de registo de Ronaldo em todo o jogo. O remate do avançado do Real Madrid saiu pouco por cima da trave e Ronaldo, sem qualquer outra intervenção de relevo, acabaria substituído aos 69 minutos.
A toada de ataque croata manteve-se, mas o jogo entrava num período de muitas faltas, muito por força de se jogar em pouco espaço, junto à áera brasileira, e os homens de Parreira estarem a defender o resultado com unhas e dentes. A última oportunidade de golo pertenceu à Croácia, aos 71 minutos, com Marko Babic a rematar forte mas à figura de Dida.
Até final, apenas mais dois ou três remates sem perigo e o Brasil acabou, sem brilho mas com eficácia, por levar para casa os três pontos. A liderança do grupo, essa, fica por agora nas mãos da Austrália, graças aos três golos marcados diante do Japão. A segunda jornada reserva precisamente um embate entre líderes, a par do Japão-Croácia, ambos agendados para o próximo domingo.


Foto de FIFAworldcup.com

CRÓNICA: França x Suíça


Ficha do jogo

A França chegou a este Mundial disposta a apagar a má imagem deixada há quatro anos na Coreia e Japão, onde não marcou qualquer golo e conquistou apenas um ponto, uma prestação desastrosa agravada pelo facto de ser, à data, campeã mundial em título. Era, por isso, importante alcançar hoje uma vitória diante da vizinha Suíça e quanto mais dilatada, melhor. Para isso, os gauleses contavam com o génio de Zidane, em fim de carreira mas certamente disposto a repetir o título de 1998, e a habilidade de Henry, habitualmente apagado nas grandes competições.
Do outro lado, a Suíça voltava a marcar presença num Campeonato do Mundo de futebol, 12 anos depois da última participação, nos Estados Unidos, onde alcançou os oitavos-de-final. Ainda que a França, em teoria, partisse como favorita, os recentes jogos da fase de apuramento para este Mundial apontavam para um encontro equilibrado, já que França e Suíça tinham empatado por duas vezes (0-0 e 1-1). De facto, foi isso que acabou por acontecer, com nenhuma das equipas a conseguir encontrar o caminho para o golo. Apesar de tudo, foi a Suíça quem, por três vezes, esteve perto de garantir os três pontos. Primeiro, aos 26 minutos, com um livre de Barnetta a embater no poste da baliza de Barthez. Depois, já na segunda parte, ao minuto 66, o guarda-redes francês consegue evitar o golo de Gygax com uma defesa muito apertada. Sobre o cair do pano, já em tempo de descontos, Frei teve na cabeça o golo da vitória para os suíços, depois de um livre apontado na direita, mas acaba por falhar o alvo, para além de jogar a bola com a mão.
Zero a zero no final dos 90 minutos, um resultado que entrega a liderança do grupo G à Coreia do Sul.

Foto de FIFAworldcup.com

CRÓNICA: Coreia do Sul x Togo



Ficha do jogo

O primeiro jogo do dia trouxe mais um estreante aos palcos do Alemanha 2006. O Togo realizou o seu primeiro jogo em fases finais de campeonatos do Mundo na sombra de uma polémica que opôs jogadores e federação, relativa aos prémios de jogo deste Mundial, e que levara, há alguns dias, à demissão do seleccionador Otto Pfister. Tendo voltado atrás na sua decisão, a dúvida sobre se o técnico alemão iria realmente sentar-se no banco só ficaram desfeitas momentos antes do encontro, quando o nome de Pfister surgiu na ficha de jogo.
Com um problema resolvido, o Togo tinha outro pela frente: dar a volta a uma Coreia que, no último Mundial, surpreendeu tudo e todos, alcançando o quarto lugar. A formação africana começou bem e marcou primeiro, à passagem da meia-hora, por intermédio de Kader. O jogo disputava-se num ritmo lento, com as equipas a arriscarem muito pouco. Ainda assim, os coreanos podem agradecer ao guarda-redes Woon-Jae Lee por não ter permitido que o Togo, por duas vezes, aumentasse a vantagem.
O momento do jogo chegou aos 53 minutos, altura em que o defesa togolês Abalo derrubou Ahn à entrada da área, vendo o segundo cartão amarelo e consequente vermelho. As coisas estavam mais complicadas para o Togo e pioraram logo de seguida, já que Chun-Soo Lee, na cobrança do livre, atirou para o 1-1.
A jogar com dez, o Togo não baixou os braços, mas acabou por permitir que a Coreia completasse a reviravolta no marcador aos 70 minutos, com um remate colocado de Ahn, jogador que, em 2002, foi responsável pela eliminação da Itália. Até final, a equipa de Otto Pfister ainda procurou nova igualdade, mas os três pontos já não fugiram aos coreanos, que voltam a estrear-se com uma vitória em fases finais de campeonatos do Mundo.

Foto de FIFAworldcup.com

segunda-feira, junho 12, 2006

CRÓNICA: Gana x Itália


Ficha do jogo

O dia terminou com o Itália – Gana, em Hanover, num jogo entre uma eterna favorita e mais uma estreante. Entrou melhor a Itália, como se esperava, revelando uma magnífica capacidade de jogar em ataque contínuo, explorando sempre os espaços e a velocidade dos seus homens mais adiantados. O flanco esquerdo italiano carburava a toda a velocidade, não deixando muito tempo aos ganeses para pensar em mais do que defender. Quando conseguia encontrar um espaço entre dois ataques transalpinos, a formação africana tinha em Essien o seu homem mais determinado e rematador, mas os esforços não levavam grande perigo às redes de Buffon.
Adivinhava-se o golo de Itália e ele viria a aparecer aos 40 minutos, na cobrança de um canto na esquerda, com Pirlo a aparecer sem marcação à entrada da área e a rematar colocado junto ao poste mais distante. A bola ainda sofreu um ligeiro desvio num defesa, mas o selo de golo parecia já lá estar desde que saiu dos pés do médio do Milan.
O intervalo não trouxe grandes novidades, trazendo mesmo à tona uma realidade bem conhecida de todos, com a Itália apostada em não arriscar tanto, preferindo guardar o resultado da forma que lhe é tradicional. Nessa altura, o Gana encontrou mais espaços para jogar um pouco mais perto da área de Buffon e, por duas vezes, poderia ter feito estragos. Numa delas, a equipa de Dujkovic queixou-se de um penalty que terá ficado por assinalar e, na outra, foi de novo Essien que, com um belo remate, obrigou Buffon a intervenção apertada.
Não era, porém, noite de surpresas e o pragmatismo italiano voltou a revelar-se quando Samuel Kuffour, numa infeliz tentativa de atraso, deixa Iaquinta isolado frente a Kingston. O avançado da Udinese não teve dificuldades em contornar o guarda-redes e pôr um ponto final na incerteza quanto ao resultado.
Vitória justa dos italianos, que defrontam os Estados Unidos na próxima jornada. Quanto ao Gana, não se adivinha tarefa fácil, já que vai ter pela frente a República Checa, que alcançou o resultado mais dilatado do torneio até ao momento.


Foto de FIFAworldcup.com

CRÓNICA: Estados Unidos da América x República Checa


Ficha do jogo

Ver, dominar e ganhar. Assim se pode definir a prestação da República Checa na sua estreia na Alemanha 2006. Depois de uma excelente prestação no Euro 2004, travada pela avalanche de sorte grega desse ano, os checos chegaram a este Mundial como uma das equipas com capacidade de alcançar os quartos-de-final. Pela frente tinham uma selecção dos Estados Unidos que caíra precisamente nessa fase do último Campeonato do Mundo, diante da agora anfitriã Alemanha.
A selecção orientada por Karel Bruckner entrou a mandar no jogo e marcou logo aos 5 minutos, fruto de um cruzamento bem medido de Grygera, a que Jan Koller correspondeu com um cabeceamento imparável para Kasey Keller. Os homens de Bruce Arena pareciam incapazes de se libertarem do jugo checo, mas deixaram sério aviso aos 29 minutos, num remate de Cláudio Reyna que só parou no poste direito da baliza de Cech.
Ainda assim, os Estados Unidos continuavam a não ser adversário à altura para os checos, que não encontravam problemas para se acercar da área americana. Foi, porém, de bem longe que surgiu o segundo golo, soberbo, com a assinatura de Tomas Rosicky. O relógio marcava 36 minutos e a questão do vencedor parecia estar praticamente decidida, tal era a diferença de qualidade entre as equipas. Antes do intervalo, contrariedade de vulto para Bruckner, com Jan Koller a sair lesionado e bastante queixoso.
Motivada pela vantagem, a República Checa entrou no segundo tempo com a mesma postura dos 45 minutos anteriores e os americanos continuaram manietados por uma teia que não lhes permitia mais do que ir resistindo às investidas checas. No minuto 68, Tomas Rosicky procurou um golo tão espectacular como o que já havia marcado mas ficou a escassos centímetros de o conseguir, com a barra a devolver um remate que deixou Keller batido.
O primeiro remate americano surgiu aos 70 minutos, por Eddie Johnsos, facto que, dizendo bem da superioridade da formação europeia, acabou por marcar o início de um período em que os Estados Unidos foram capazes de criar maior perigo, tirando partido de um certo relaxamento dos checos. Foi, no entanto, sol de pouca dura, já que aos 76 minutos, Rosicky bisou e matou por completo as esperanças dos adeptos do outro lado do atlântico. A assistência – magistral, de resto – foi de Nedved e Rosicky, na cara de Keller, colocou a bola sobre o corpo do guarda-redes americano, que nada mais pôde fazer senão voltar-se para vê-la no fundo das redes.
Vitória incontestável da República Checa, que apresentou um futebol fluído e dos mais agradáveis até ao momento, demonstrando estar em grande forma.


Foto de FIFAworldcup.com

CRÓNICA: Austrália x Japão


Ficha do jogo

Três australianos, um japonês, assim foi o primeiro jogo de hoje. Em termos de golos, como é óbvio. Mas o filme parecia bem diferente aos 80 minutos, altura em que este resultado não passaria pela cabeça de muita gente.
As duas equipas entraram em campo com filosofias muito diferentes. Enquanto que a Austrália apostava num futebol apoiado para chegar à baliza de Kawaguchi, o Japão fazia assentar o seu jogo num rapidíssimo contra-ataque que punha a cabeça em água à defesa dos "cangurus". Em consequência disso, era a Austrália quem rondava mais vezes a área adversária, mas as oportunidades iam surgindo ora de um lado, ora do outro.
O golo japonês veio agitar um pouco as águas, podendo até dizer-se que foi obtido contra a corrente do jogo. Corria o minuto 26 quando Nakamura, na direita, faz um cruzamento para a área de Schwarzer. O guarda-redes australiano é impedido de chegar à bola por um adversário, dentro da sua área de protecção, mas o juíz egípcio Abd El Fatah não considera a infracção e valida o golo.
Se até aí a Austrália já jogava no meio-campo contrário, o golo praticamente oficializou um acapamento dos homens de Guus Hiddink junto da área contrária. Apesar disso, o jogo não ganhou vivacidade e atravessou largos períodos de desinteresse, fruto da ausência de grandes executantes que pudessem criar desequilíbrios.
A segunda parte não trouxe nada de novo, poderá dizer-se, até aos 80 minutos. Por essa altura, as ideias já rareavam e a constante pressão australiana começava a dar mostras de evidente desgaste. Apesar disso, estavam já em campo dois homens que fariam toda a diferença: Tim Cahill e John Aloisi. Faltavam seis minutos para o final, os adeptos japoneses preparavam-se já para festejar a terceira vitória consecutiva sobre a Austrália, quando Cahill resolve aparecer em jogo. Num lance de grande confusão na grande área japonesa, com o guarda-redes Kawaguchi a ficar mal na fotografia, Cahill aproveita uma bola perdida para restabelecer a igualdade. Estava reposta justiça no marcador, não só por tudo o que a Austrália tinha feito, mas também porque a vantagem nipónica nascera de um lance irregular.
Mas Cahill estava endiabrado e não descansou enquanto não deu a liderança à sua equipa - e, em consequência, enquanto não se tornou homem do jogo. Tal viria a acontecer no último minuto de jogo. O avançado do Everton recebeu a bola no centro, já à entrada da área, rodou sobre si próprio e disparou ao poste direito da baliza de Kawaguchi, que deste vez nada podia fazer para evitar o golo.
Desanimados, os japoneses já não foram capazes de ensaiar sequer uma resposta e acabariam por sofrer o golpe de misericóridia em tempo de descontos, quando Aloisi, em lance individual, se desfaz de um defesa e entra na área para rematar cruzado e fixar o 3-1 final.
Não terá sido, com toda a certeza, um dos bons jogos deste Mundial, mas a emoção chegou em doses industriais nos últimos minutos, o que, de certa forma, apagou a imagem cinzenta que tinha ficado do restante encontro. A Austrália estreou-se a marcar e a ganhar numa fase final de um Campeonato do Mundo e amealhou três pontos vitais nas suas aspirações de avançar para os oitavos-de-final.

Foto de FIFAworldcup.com

domingo, junho 11, 2006

CRÓNICA: Angola x Portugal


À imagem da Alemanha, à imagem da Inglaterra, Portugal entra a ganhar no Mundial 2006. Demonstrando grande velocidade no ataque e superioridade em toda a linha face à estreante Angola, a armada de Scolari não mostrou misericórdia pela sua “afilhada” e colocou-se em vantagem logo aos 4 minutos, quando o guarda-redes João Ricardo bateu um livre directamente para um médio luso que, sem perder tempo coloca a bola em Pauleta. O ciclone do Açores toca na esquerda para Luís Figo que, em velocidade, deixou o defesa angolano pregado ao chão e, na linha de fundo, serviu o mesmo Pauleta para o primeiro das quinas.
Sem que Portugal perdesse as rédeas do jogo, Angola logrou reagir aos 10 minutos, altura em que Mendonça, na esquerda do seu ataque, remata muito forte a 30 metros da baliza, obrigando Ricardo a uma defesa a dois tempos.
Angola procurou colocar mais pressão sobre Portugal e, a meio do primeiro tempo, tenta explorar três oportunidades de remate, duas delas de Akwá, outra de Figueiredo, mas a bola sai invariavelmente desenquadrada da baliza. Disciplinarmente, o árbitro foi chamado a mostrar o primeiro amarelo a jogadores portugueses aos 26 minutos, num lance em que Cristiano Ronaldo entra de pé em riste sobre um adversário. Ainda assim, ficou a sensação de não ter sido lance merecedor daquela punição.
Portugal parecia, então, atravessar um período de apatia, permitindo que Angola se aproximasse com maior frequência da sua área. Seria, porém, no outro extremo que teria lugar novo lance de perigo. Canto cobrado na direita por Luís Figo, aos 34 minutos, e Cristiano Ronaldo, vindo de trás, a cabecear com estrondo à trave da baliza de João Ricardo. O 2-0 esteve por centímetros… mas o 1-1 não ficou muito mais longe. Com 42 minutos jogados, André dispara de muito longe e Ricardo apenas tem tempo de desviar para canto e adiar a surpresa angolana. João Ricardo também brilhou quando, dois minutos depois, desviou a soco um potente remate de Cristiano Ronaldo, deixando o avançado do Manchester United desesperado com mais uma tentativa frustrada.
O segundo tempo começou com mais do mesmo: Portugal no ataque, excelente remate de Tiago, mas o arco ficou curto e João Ricardo segurou sem dificuldade. O jogo estava morno e Portugal não conseguia, nesta fase, mostrar o fulgor com que entrou no jogo. Aos 59 minutos, entrou em campo mais um jogador do campeonato português: Pedro Mantorras, do Benfica, veio emprestar mais vivacidade ao ataque angolano, ao passo que Scolari procurou reforçar o meio-campo defensivo, trocando Cristiano Ronaldo por Costinha.
A substituição na equipa portuguesa foi claramente falhada. A equipa perdeu consistência e acutilância e não mais conseguiu incomodar Angola. Pelo contrário, as palancas negras, não tendo um adversário tão forte pela frente, começaram a ter espaço para fazer o seu jogo e chegar mais vezes perto da baliza de Ricardo. A vantagem lusa estava em perigo e Portugal parecia incapaz de se reorganizar e retomar o domínio do jogo. Tiago apagava-se a cada minuto que passava e o arrastava consigo o sector intermerdiário, incapaz de conter a bola ou alimentar um Pauleta perdido entre os defesas contrários. Maniche foi lançado no lugar de Petit e Tiago acabaria por dar a vez a Hugo Viana. Foi preciso esperar até aos 91 minutos para voltar a ver Portugal: Maniche, descaído sobre a esquerda, disparou para o 2-0, proporcionando a defesa da noite a João Ricardo.
O jogo terminou pouco depois e, apesar da exibição pálida, Portugal garantiu o essencial: três pontos que o colocam em igualdade com o México no topo do classificação e com ânimo reforçado para enfrentar o desafio iraniano.


Ficha do jogo

Foto de FIFAworldcup.com

Novidades no onze


Scolari começa a surpreender logo com o onze inicial: Simão é um dos titulares. Tiago também lá está, no lugar de Deco, mas era previsível que o criativo do Barcelona fosse poupado.

Foto de FIFAworldcup.com

Artigo de opinião


FORÇA PORTUGAL!!

CRÓNICA: México x Irão



México e Irão, adversários de Portugal no grupo D, entraram em campo para uma partida que constituía uma incógnita, tanto em termos de espectáculo, como de resultado. Os mexicanos são presença habitual em fases finais de Campeonatos do Mundo, costumando apurar-se para os oitavos-de-final, ao passo que as experiências (completas) do Irão ao mais alto nível não foram além da primeira fase.
Apesar disso, foram os asiáticos quem entrou melhor na partida. À passagem do minuto 10, o Irão esteve por duas vezes perto do golo e, em ambas, valeram ao México as boas intervenções de Oswaldo Sanchez, que seguraram o nulo.
A partir dos 20 minutos, o México começou a acercar-se da baliza contrária com maior frequência e, oito minutos mais tarde, Omar Bravo aproveitou uma distracção da defesa iraniana para fazer o 1-0, a passe de Franco.
O golo mexicano surgiu de um lance de bola parada e, da mesma forma, o empate acabou por chegar aos 35 minutos, com Golmohammadi a fazer a recarga vitoriosa, após uma defesa de recurso de Sanchez na sequência de um canto.
O intervalo chegou com 1-1 no marcador e o segundo tempo trouxe um México mais ofensivo, apostado em desfazer a igualdade. Os homens de Lavolpe jogaram quase sempre no meio-campo iraniano e nunca permitiu grandes incursões atacantes à equipa orientada por Ivankovic. A substituição de Karimi por Madanchi não surtiu o efeito desejado, acabando por resultar numa notória quebra de rendimento do colectivo. As fragilidades defensivas do Irão começavam a ser evidentes e foi precisamente um erro conjunto do sector mais recuado que permitiu a Bravo bisar e recolocar o México em vantagem aos 76 minutos. Se, nessa altura, a formação asiática já não dava mostras de ser capaz de chegar com perigo à baliza de Sanchez, três minutos bastaram para que o jogo ficasse definitivamente resolvido. Numa jogada simples e bem desenhada, Zinha, brasileiro que se naturalizou mexicano, apareceu isolado a cabecear como quis para o 3-1.
Depois disto, restava apenas aguardar o apito final, que veio colocar o México na liderança provisória do grupo D. Espera-se, agora, uma excelente prestação de Portugal para que a liderança mude de mãos dentro de poucas horas.

Ficha do jogo

Foto de FIFAworldcup.com

CRÓNICA: Sérvia e Montenegro x Holanda


Fazendo jus à condição de equipa mais cotada, a Holanda entrou em campo a mostrar que estava ali para mandar no encontro e dar o mínimo espaço possível à Sérvia e Montenegro. A selecção de Van Basten, terceira classificada no ranking da FIFA, instalou-se confortavelmente no meio-campo adversário, procurando pacientemente uma oportunidade para romper a sólida linha defensiva montenegrina.
Ainda assim, os holandeses não se livraram de apanhar o primeiro susto, aos 14 minutos, quando Djordjevic rompeu pela esquerda e cruzou para Milosevic, que surgia vindo de trás para rematar mas que acabou por ser incomodado por Kezman, que não permitiu que o lance tivesse o seguimento desejado. A pressão holandesa manteve-se e deu frutos ao minuto 18, com Arjen Robben a aproveitar um passe magistral de Van Persie para, isolado diante de Jevric, atirar para o 1-0.
A Holanda justificava plenamente a vantagem e Robben impunha-se definitivamente como jogador mais influente em campo, assinando uma exibição notável que poderia ter sido coroada com um segundo golo, mas o guardião da Sérvia e Montenegro esteve à altura do remate e fez uma excelente defesa para canto. O ritmo de jogo baixou, a partir daqui, muito por força do calor que se fazia sentir, e as oportunidades de golo também começaram a escassear. No último lance da primeira parte, o recém-entrado Koroman rematou forte, levando a bola a passar perto do poste esquerdo da baliza de Van der Sar.
Para o segundo tempo, o técnico Petkovic lançou Zigic no ataque montenegrino, em busca do golo da igualdade. O jogo manteve-se aberto e bem disputado e Robben continuava a ser o melhor em campo, passando por ele toda a manobra ofensiva da laranja. Do outro lado, Petkovic tentava remar contra a maré e operava uma completa reviravolta na linha ofensiva, substituindo Kezman por Ljuboja. Seria, no entanto, Koroman a tentar novamente o golo, aos 71 minutos, altura em que forçou Van der Sar a uma defesa apertada, depois de ter deixado pelo caminho dois defesas holandeses.
Ao minuto 82, Van Persie ficou sem perceber como é que a bola não entrou na baliza de Jevric. O livre que o holandês bateu descreveu um arco em direcção ao segundo poste, atravessou toda a área sem que ninguém lhe tocasse e acabou por sair escassos centímetros ao lado do alvo. A Holanda continuava a controlar o jogo, embora de forma mais contida, não aparecendo tantas vezes junto à área adversária, mas o resultado era do seu agrado e bastava-lhe mantê-lo. Quem não estava pelos ajustes de tirar o pé do acelerador era Robben. O homem do Chelsea, ainda que já sem o fulgor inicial, continuava a pôr a cabeça em água à defesa sérvia, ora pela direita, aos 89 minutos, rematando pouco ao lado, à semelhança do livre de Van Persie, ora pela esquerda, aos 90, ganhando um livre perigoso junto à quina da área. Ainda assim, o marcador não mais sofreria alterações e a Holanda juntava-se à Argentina no comando do grupo C.

Ficha do jogo

Foto de FIFAworldcup.com

Dia 3 - Antevisão


Chegou, então, dia 11. O dia em que Portugal sobe ao relvado para enfrentar Angola, num jogo de rivalidade proporcional à proximidade dos povos. Portugal parte claramente como favorito, não apenas pela total inexperiência de Angola em grandes eventos deste calibre, mas também porque a turma das quinas surge neste Alemanha 2006 como o representante máximo do futebol europeu, ausente que está a frágil campeã Grécia (que acabou por comprovar, ela própria, que a vitória em 2004 foi um mero acidente de percurso). Ainda assim, os comandados de Scolari têm de se acautelar com as surpresas do jogo inicial. Há dois anos, a jogar em casa, Portugal foi surpreendido por um adversário que também era teoricamente mais fraco. A Grécia.
Angola - Portugal é o último jogo do dia - está marcado para as 20 horas, no Rhein Energie Stadion, em Colónia.

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Como é hábito, os jogos têm início às 14 horas, cabendo às selecções da Sérvia e Montenegro e Holanda dar o pontapé de saída neste terceiro dia de prova. Em Leipzig, a Holanda perfila-se como principal candidata à vitória. A sua sólida formação alcançou as meias-finais do Euro 2004 e apurou-se para este Mundial em primeiro lugar do grupo 1, que contava também, entre outras, com República Checa e Roménia, esta última eliminada. Apesar disto, os holandeses não podem desvalorizar o futebol sérvio, que conta com a qualidade da antiga escola jugoslava. Naquela que será a última aparição da Sérvia e Montenegro em grandes competições de futebol, devido ao desmembramento do país, o técnico Ilija Petkovic tem no avançado Nikola Zigic, do Estrela Vermelha de Belgrado (equipa que, esta época, afastou o Sporting de Braga da Taça UEFA), o seu maior trunfo para procurar uma qualificação que não deixaria de ser surpreendente.

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Às 17 horas, em Nuremberga, o grupo de Portugal começa a mexer. México e Irão vão protagonizar um encontro de outsiders, com a certeza de que, em teoria, o vencedor fica em posição privilegiada para acompanhar Portugal na passagem à fase seguinte - isto, claro, partindo do princípio que Angola não surpreende o Mundo inteiro. Apesar de ambas as selecções disporem de grandes qualidades (pelo menos, a julgar pelas declarações de técnicos e jogadores, nos últimos meses), a verdade é que nenhuma delas constitui um peso-pesado do futebol. Os mexicanos têm no barcelonista Rafael Marquez o seu elemento mais conceituado, ao passo que a estrela iraniana é Ali Karimi, médio-ofensivo do Bayern de Munique que vem sendo apontado como substituto natural de Ballack, que rumou ao Chelsea de José Mourinho. Não se antevendo um jogo de grande espectáculo, é um encontro a ser acompanhado com toda a atenção pelos portugueses, uma vez que vão estar em campo os próximos adversários directos da selecção nacional.